Simples, belo e forte esse poema de Manuel Bandeira. As rodas rangem na curva dos trilhos Inexoravelmente. Mas eu salvei do meu naufrágio Os elementos mais cotidianos. O meu quarto resume o passado em todas as casas que habitei. Dentro da noite No cerne duro da cidade Me sinto protegido. Do jardim do convento Vem o pio da coruja. Doce como um arrulho de pomba. Sei que amanhã quando acordar Ouvirei o martelo do ferreiro Bater corajoso o seu cântico de certezas. (Manuel Bandeira, “Lira dos cinqüentanos”, 1940). M.S.V.
Crítica literária e cultural, por Mauro Souza Ventura