segunda-feira, 9 de abril de 2012

Arte e resistência na China

"Bicicleta": instalação de Ai Weiwei

Ele passou quase três meses na cadeia e hoje vive em prisão domiciliar. Teve seu ateliê, que custou US$ 1,2 milhão, totalmente destruído e seu blog retirado do ar. Ai Weiwei, um dos mais conhecidos artistas chineses, sofreu todas essas ações por um único motivo: manifestou suas opiniões publicamente. Na China, isso é crime.
A imprensa chinesa está proibida de falar no seu nome e ele também não pode se manifestar, mas vem burlando essa proibição graças ao Twitter. Na China, o serviço de microblogs pode ser acessado por redes privadas, o que impede que seja bloqueado pelo governo, a exemplo da internet.
Recentemente, a Folha de S. Paulo publicou uma entrevista exclusiva com o artista. Mesmo proibido de falar à imprensa, inclusive do exterior, Weiwei não se omitiu de expressar suas opiniões e lutar pela liberdade individual na China.
O artista chinês Ai Weiwei
“Fui espancado, quase terminei meus dias no hospital por causa das lesões, destruíram o meu ateliê, me aplicaram uma enorme multa tributária. Tudo sob ordens vindas não se sabe de onde. Não são apenas autoridades. Toda a imprensa chinesa não pode nem me criticar”, conta o artista ao repórter Fabiano Maisonnave.
A situação é tão absurda que, recentemente, jovens estudantes foram presos e interrogados apenas por que retuitaram informações. “Os tuítes não foram nem escritos por eles. Isso pode causar desaparecimentos por semanas. E muitos estão mentalmente doentes. As pessoas começam a ter crises psicológicas por causa desse tipo de tratamento”, relata Weiwei.
Numa sociedade amordaçada, cabe aos artistas assumir funções que, em locais onde há liberdade de expressão, são desempenhadas pela mídia. Mas na China não há mídia livre, nem oposição organizada. Somente vozes, solitárias e corajosas, como a de Ai Weiwei. M.S.V.

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