sábado, 25 de outubro de 2008

O martelo


Simples, belo e forte esse poema de Manuel Bandeira.

As rodas rangem na curva
dos trilhos
Inexoravelmente.
Mas eu salvei do meu
naufrágio
Os elementos mais
cotidianos.
O meu quarto resume o
passado em todas as casas
que habitei.
Dentro da noite
No cerne duro da cidade
Me sinto protegido.
Do jardim do convento
Vem o pio da coruja.
Doce como um arrulho de
pomba.
Sei que amanhã quando
acordar
Ouvirei o martelo do
ferreiro
Bater corajoso o seu
cântico de certezas.
(Manuel Bandeira, “Lira dos cinqüentanos”, 1940).
M.S.V.

Um comentário:

Bruno Espinoza disse...

Olá Mauro, tudo bem?
Você viu a lista dos 80 blogs que a Época publicou? Gostei mais das discussões sobre os critérios da seleção. Elas me fizeram lembrar da discussão sobre a "identidade" dos blogs. Nas leituras por aí, gostei bastante da que fez o blogueiro Rafael Galvão, que critica algumas visões. Acho que é uma análise (blogueira) válida. Se tiver interesse, veja aqui: http://www.rafael.galvao.org/2008/11/sobre-os-80-blogs-da-revista-epoca/

Abraço!

  O Martelo, de Manuel Bandeira . As rodas rangem na curva dos trilhos Inexoravelmente. Mas eu salvei do meu naufrágio Os elementos mais cot...