Crônica: a escrita do Eu - Parte 1
De onde surgiu a crônica?
Gênero de literatura ligado ao jornalismo, praticado no Brasil há mais de um século, com tanta naturalidade e riqueza que até parece um gênero tipicamente brasileiro.
Estilo: em tom de conversa, próximo da vida cotidiana, oralidade, estabelece uma conversa com o leitor;
Origem: do grego Chronos; tempo. Sua origem está na crônica dos acontecimentos históricos;
Inspiração: o lembrar e o escrever; registro do que fica do vivido; o testemunho de uma vida, de uma época;
O cronista é um artesão da experiência; transforma a matéria-prima do vivido em narração; mestre na arte de contar histórias;
Quase todos os escritores e jornalistas brasileiros foram e/ou são cronistas. Mas o início de tudo está com os cronistas do descobrimento. Depois vieram Olavo Bilac, Machado de Assis, João do Rio. Isso sem citar os escritores modernos, do século 20;
É possível definir a crônica?
O cronista é aquele que consegue dar significação ao prosaico, ao pormenor condenado ao esquecimento, às coisas miúdas.
A crônica nunca foi um gênero maior e somos tentados a pensar que se o fosse talvez perdesse aquela habilidade estilística que, exatamente por ser despretensiosa, consegue captar o humano presente no dia-a-dia. Também não se pode conceber uma literatura feita unicamente de cronistas.
Além de fixar a oralidade no plano da linguagem escrita, a crônica é o gênero capaz de dizer as coisas mais sérias por meio de uma aparente conversa fiada.
A vida ao rés-do-chão, como definiu Antonio Candido, a crônica mantém uma relação com o factual, que lhe serve de referência primeira.
De acordo com Gustavo Corção, as crônicas enquanto gênero podem ser divididas em duas espécies: de um lado estão aquelas que se submetem aos fatos e que pretendem fornecer material contemporâneo à peneira dos historiadores; de outro lado, temos aquelas crônicas que se servem dos fatos para superá-los, ou que tomam os fatos do tempo como pretextos para divagações que escapam à ordem dos tempos.
M.S.V.
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