Os personagens são identificados apenas com letras: B , o jovem U e a mulher de U . O enredo se resume a encontros e desencontros de exilados chilenos na Europa, mais precisamente em Barcelona, na Espanha. O ano é 1978, B e U são conterrâneos que agora se vêem como estranhos. Uma reunião de amigos no apartamento de um deles desencadeia os conflitos, reabre as feridas. Conversas sussurrantes, desejo de retornar ao Chile, suicídio. O relato de Roberto Bolaño no conto “Dias de 1978”, incluído na coletânea Putas assassinas (Companhia das Letras, trad. de Eduardo Brandão) expõe as fraturas existenciais de uma geração que lutou por ideais de uma sociedade menos desigual e mais democrática no Chile e cujas vidas foram sucumbindo lentamente no exílio, restando apenas medo e rancor. Um conto perturbador, até mesmo para aqueles que não viveram os sonhos e as atrocidades daquele período. M.S.V.
Crítica literária e cultural, por Mauro Souza Ventura