Manhã tranqüila, à mesa de trabalho para ler, sublinhar, marcar e anotar os movimentos de minha leitura. À moda de um copista medieval, transcrevo passagens, anoto fragmentos. Ao acaso, vou construindo uma teia de vastas emoções e pensamentos imperfeitos. Zigmunt Bauman é minha leitura de auto-ajuda. A metáfora da vida líquida, marcada pela precariedade, "vivida em condições de incerteza constante", é uma imagem reconfortante para enfrentar os desafios da vida presente. Estar sempre pronto a reiniciar, a livrar-se das coisas com despreendimento, com o mesmo desapego que empregamos quando adquirimos algo. Escreve Bauman: "A vida líquida é uma sucessão de reinícios, e precisamente por isso é que os finais rápidos e indolores, sem os quais reiniciar seria inimaginável, tendem a ser os momentos mais desafiadores e as dores de cabeça mais inquietantes. Entre as artes da vida líquido-moderna e as habilidades necessárias para praticá-las, livrar-se das coisas tem prioridade so
Crítica literária e cultural, por Mauro Souza Ventura