S empre fui um leitor voraz de crítica e tenho uma predileção especial por estudar os modos e as manhas deste gênero tão necessário quanto suspeito. Minhas leituras sempre incluíram os críticos ao lado dos ficcionistas, e creio mesmo que a literatura e a arte não podem dispensar esse antigo trabalho da interpretação. Dia desses, ao escrever sobre as razões da crítica, procurei explicar os motivos que levam tantos autores – e mesmo o público leitor – a encarar com suspeita a explicação do texto literário e a análise científica de obras artísticas. Outro fator de resistência à crítica pode estar na idéia de transcendência da obra, de algo que não pode ser compreendido ou decifrado pelo conhecimento racional. Isso sem falar na linguagem da crítica, que se tornou especializadíssima em função de sua institucionalização e acadêmica por contingências financeiras. Afinal, do que mais poderá se manter um crítico hoje que não vive de jornalismo, senão do emprego de professor? O fato é qu
Crítica literária e cultural, por Mauro Souza Ventura