“Não é o métier dela, a argumentação. Ela não deveria estar ali”, pensa o narrador. Elizabeth Costello é uma escritora bem-sucedida, que reúne sucesso do público e boa reputação junto à crítica.
Mas é uma palestrante medíocre. Perde-se em digressões, defendendo uma postura radical em relação ao consumo de carne e na defesa do modo vegetariano de alimentação. Sua postura veemente contra a criação e o abate de animais para consumo incomoda o leitor. Somos tentados a pular essas páginas que reproduzem trechos de suas palestras e abordam um assunto sobre o qual gostaríamos de não falar.
O livro é estruturado em oito palestras, tem um pós-escrito e até agradecimentos, onde são registradas as primeiras versões dessas palestras, tudo exatamente como se fosse um livro de ensaios.
Os argumentos de Costello são tão realistas que somos tentados a conferir a veracidade dessas fontes, mas aí lembramos que estamos diante de uma obra de ficção. Ou não?
Essas digressões são longas e enfadonhas e abordam temas como a racionalidade, a ciência e a “matança” de animais feita pelos humanos.
Tais comentários se estendem por quase todo o livro, ocupam o lugar do enredo, reduzindo a economia narrativa a essas discussões, que lembram mais a mente de um autodidata do que a prosa ensaística de um Camus ou um Sebald, por exemplo.
Ao mesmo tempo, o leitor quer saber sobre a trajetória dessa escritora, mas tudo o que recebe são essas enfadonhas digressões, feitas num tom de retórica acadêmica, que inclui citações e notas de rodapé.
Mas estamos ou não diante de uma ficção? Neste livro, o leitor é sufocado diante de tantas discussões que não conduzem a lugar algum. Pelo menos é esta a sensação que tenho neste momento da leitura, após ter percorrido pouco mais da metade do livro.
Nesse ponto, fechei as páginas do livro de Coetzee e agora leio Estrela distante, uma pequena novela de Roberto Bolaño.
M.S.V.
Mas é uma palestrante medíocre. Perde-se em digressões, defendendo uma postura radical em relação ao consumo de carne e na defesa do modo vegetariano de alimentação. Sua postura veemente contra a criação e o abate de animais para consumo incomoda o leitor. Somos tentados a pular essas páginas que reproduzem trechos de suas palestras e abordam um assunto sobre o qual gostaríamos de não falar.
O livro é estruturado em oito palestras, tem um pós-escrito e até agradecimentos, onde são registradas as primeiras versões dessas palestras, tudo exatamente como se fosse um livro de ensaios.
Os argumentos de Costello são tão realistas que somos tentados a conferir a veracidade dessas fontes, mas aí lembramos que estamos diante de uma obra de ficção. Ou não?
Essas digressões são longas e enfadonhas e abordam temas como a racionalidade, a ciência e a “matança” de animais feita pelos humanos.
Tais comentários se estendem por quase todo o livro, ocupam o lugar do enredo, reduzindo a economia narrativa a essas discussões, que lembram mais a mente de um autodidata do que a prosa ensaística de um Camus ou um Sebald, por exemplo.
Ao mesmo tempo, o leitor quer saber sobre a trajetória dessa escritora, mas tudo o que recebe são essas enfadonhas digressões, feitas num tom de retórica acadêmica, que inclui citações e notas de rodapé.
Mas estamos ou não diante de uma ficção? Neste livro, o leitor é sufocado diante de tantas discussões que não conduzem a lugar algum. Pelo menos é esta a sensação que tenho neste momento da leitura, após ter percorrido pouco mais da metade do livro.
Nesse ponto, fechei as páginas do livro de Coetzee e agora leio Estrela distante, uma pequena novela de Roberto Bolaño.
M.S.V.
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