Que eu me lembre, jamais tomei a palavra resistência em seu sentido politico, mas existencial. Há 25 anos, quando ainda vivia em Porto Alegre, cidade tão distante de onde estou hoje – e não era nem um pouco feliz por lá --, minha leitura de resistência de todas as noites era Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust.
Durante mil e tantas noites – e após um pesado e frustrante dia de trabalho – eu tentava decifrar aquelas páginas, aqueles parágrafos intermináveis, que eram sempre maiores do que a página. Na maioria das vezes, o sentido da frase proustiana me escapava por completo e era necessário voltar para reler e reler...
O maior desafio ao leitor de Proust é a frase: orações subordinadas se sobrepõem a outras subordinadas, sempre entremeadas por longos apostos. Desejamos o ponto final, mas ele não chega. Proust sofria de asma, mas é o leitor que fica sem respirar.
Em outras noites, o maior inimigo era o sono. De novo era preciso voltar a página para reler. Acostumei-me tanto a essa rotina de releituras que, ao terminar o sétimo e último volume da Busca, no instante seguinte dirigi-me à estante para retornar ao primeiro volume, No caminho de Swann, pois não queria mais parar de ler Proust.
Nenhuma outra obra me acompanhou por tanto tempo como aquela. Ao final, é desolador constatar que, depois que conhecemos o destino do Barão de Charlus, a história da Princesa de Guermantes perde muito de seu brilho inicial. Isso sem falar na degradante relação de Swann com Odete. Ler Proust é uma experiência inesquecível e fascinante!
M.S.V.
Durante mil e tantas noites – e após um pesado e frustrante dia de trabalho – eu tentava decifrar aquelas páginas, aqueles parágrafos intermináveis, que eram sempre maiores do que a página. Na maioria das vezes, o sentido da frase proustiana me escapava por completo e era necessário voltar para reler e reler...
O maior desafio ao leitor de Proust é a frase: orações subordinadas se sobrepõem a outras subordinadas, sempre entremeadas por longos apostos. Desejamos o ponto final, mas ele não chega. Proust sofria de asma, mas é o leitor que fica sem respirar.
Em outras noites, o maior inimigo era o sono. De novo era preciso voltar a página para reler. Acostumei-me tanto a essa rotina de releituras que, ao terminar o sétimo e último volume da Busca, no instante seguinte dirigi-me à estante para retornar ao primeiro volume, No caminho de Swann, pois não queria mais parar de ler Proust.
Nenhuma outra obra me acompanhou por tanto tempo como aquela. Ao final, é desolador constatar que, depois que conhecemos o destino do Barão de Charlus, a história da Princesa de Guermantes perde muito de seu brilho inicial. Isso sem falar na degradante relação de Swann com Odete. Ler Proust é uma experiência inesquecível e fascinante!
M.S.V.
Comentários