A explicação do texto literário e a análise científica da obras artísticas quase sempre são encaradas com suspeita e desqualificadas como atividade secundária. Os motivos de tais reações – que envolvem também a figura do crítico – estão ligados à reivindicação da autonomia da literatura, como se esta somente comportasse explicações literárias. Outra razão repousa na idéia de transcendência da obra, de algo que não pode ser compreendido ou decifrado pelo conhecimento racional. Este motivo está na base tanto do conhecido livro escrito pelo escritor Marcel Proust contra o método do até então maior nome da crítica, o francês Saint-Beuve – Contra Saint-Beuve era o título do libelo de Proust --, quanto do surgimento, nos anos 1960-70, de uma geração de críticos-escritores, cujo principal expoente foi Roland Barthes, para quem a atividade crítica era também criação artística. Isso sem falar no enigmático Monsieur Teste, personagem criado pelo poeta e ensaísta Paul Valéry, que, depois de prod
Crítica literária e cultural, por Mauro Souza Ventura