Perguntam-me sobre a importância de Nelson Rodrigues para o jornalismo brasileiro. A resposta que primeiro se impõe parece óbvia: a crônica. Afinal, Nelson viveu do jornalismo, numa época em que a profissão era pouco mais do que um biscate; escreveu crônicas sobre variados assuntos, inclusive futebol, num momento em que a crônica era um produto das redações. E escreveu ficção, inclusive e principalmente nas redações dos jornais em que trabalhou.
Ruy Castro, em O anjo pornográfico, conta que certa vez Roberto Marinho chegou na Redação de O Globo, onde trabalhava Nelson, e o flagrou escrevendo uma de sua muitas histórias. “Escrevendo literatura no horário do expediente, seu Nelson”, teria dito o chefe. A resposta gerou uma acirrada discussão entre os dois, o que não era novidade.
Afinal, Marinho – assim como todos os colegas de redação -- sabia o tipo de jornalista que era Nelson. Onde quer que trabalhasse, o autor de Vestido de noiva, uma das obras-primas de nosso teatro, seria sempre um jornalista de índole ficcional. E Roberto Marinho sabia que isso era bom para a imprensa e para a empresa que dirigia, pois os artigos de Nelson Rodrigues vendiam jornal.
Então, talvez seja mais adequado pensar que a influência de Nelson Rodrigues para o jornalismo brasileiro talvez esteja no fato -- que não pode ser aferido concretamente – de que suas atividades de jornalista e de ficcionista – exercidas num mesmo local – contribuíram para o estabelecimento de uma tradição literária para a impensa brasileira, tradição esta que permanece viva até hoje.
Por isso não será exagero pensar que a linguagem jornalística deve muito ao estilo e à verve de Nelson Rodrigues, cuja trajetória coincide com a da evolução da reportagem e do jornalismo enquanto profissão.
M.S.V.
Ruy Castro, em O anjo pornográfico, conta que certa vez Roberto Marinho chegou na Redação de O Globo, onde trabalhava Nelson, e o flagrou escrevendo uma de sua muitas histórias. “Escrevendo literatura no horário do expediente, seu Nelson”, teria dito o chefe. A resposta gerou uma acirrada discussão entre os dois, o que não era novidade.
Afinal, Marinho – assim como todos os colegas de redação -- sabia o tipo de jornalista que era Nelson. Onde quer que trabalhasse, o autor de Vestido de noiva, uma das obras-primas de nosso teatro, seria sempre um jornalista de índole ficcional. E Roberto Marinho sabia que isso era bom para a imprensa e para a empresa que dirigia, pois os artigos de Nelson Rodrigues vendiam jornal.
Então, talvez seja mais adequado pensar que a influência de Nelson Rodrigues para o jornalismo brasileiro talvez esteja no fato -- que não pode ser aferido concretamente – de que suas atividades de jornalista e de ficcionista – exercidas num mesmo local – contribuíram para o estabelecimento de uma tradição literária para a impensa brasileira, tradição esta que permanece viva até hoje.
Por isso não será exagero pensar que a linguagem jornalística deve muito ao estilo e à verve de Nelson Rodrigues, cuja trajetória coincide com a da evolução da reportagem e do jornalismo enquanto profissão.
M.S.V.
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