A obra ainda não chegou às livrarias, mas já suscita comentários e questionamentos. 2666, o livro póstumo do chileno Roberto Bolaño (1953-2003), está na contramão dos modelos de escrita vigentes na atualidade, em sua maioria marcados pela brevidade: tem 856 páginas e contempla cinco histórias sem ligação direta entre si. Tanto é que seu autor deixou a indicação para que fossem editadas em separado e publicadas uma por ano, para garantir o sustento da mulher e dos dois filhos.
O desejo do escritor não foi atendido, pois já no ano seguinte à morte do Bolaño o livro foi publicado na Espanha na íntegra. A justificativa do editor Jorge Herralde e do amigo de Bolaño, o mexicano Ignacio Echevarría, eram uma só: a qualidade literária da obra somente estaria preservada com a publicação do livro na íntegra.
Aos leitores, caberá confirmar ou não se as cinco histórias de 2666 se sustentam como cinco romances, ou se são apenas cinco partes de uma única história. A resposta não é fácil, pois parte da crítica espanhola, onde o livro saiu em 2004, já apontou para a ausência de ligação entre as histórias. É o que pretendo conferir em breve, quando abrir as páginas de 2666. O livro está prometido para chegar às livrarias no próximo dia 20. Enquanto isso, vale conferir uma prévia no site da editora.
M.S.V.
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