A crescente e inevitável especialização do conhecimento tem cada vez mais confinado a produção do saber na esfera acadêmica. Num mundo de especialistas, parece causa perdida insistir no interesse geral e na cultura geral. Principalmente por que essa ideia pode sucumbir com facilidade na simplificação operada pela grande mídia, sempe mais interessada no acontecimento e na audiência do que na problematização das questões.
Os efeitos da fragmentação do conhecimento e da lógica disciplinar que rege a vida acadêmica – e essa é uma tendência mundial – já são visíveis tanto na linguagem das ciências humanas e sociais, quanto no viés epistemológico que as inspira: o modelo de produção das ciências exatas. Nossas pesquisas hoje resultam em textos relatoriais, em que o estilo é (mal) visto como um resquício do ensaismo que um dia era a marca das humanidades.
A pergunta que precisa ser feita diante desse estágio do nosso conhecimento é a seguinte: é possível defender uma cultura generalista num mundo de especialistas? Penso que sim. E acredito também que essa discussão passa pela linguagem, pelo texto.
M.S.V.
Comentários
Gostei bastante de seu texto , penso que os saberes engavetados estreitam a nossa nossa compreensão do mundo .Senhor Ventura,faço-lhe a seguinte pergunta: há o volume III dos Ensaios Reunidos de Carpeaux?
Cordialmente,
Thiago Alves