Há muito tempo que deixei de ler poemas; há muito tempo que já nem escuto mais música..... Pois eis que encontro numa velha página de Manuel Bandeira este poema, que tomo como a minha cantiga de certezas para encarar 2014. O poema chama-se "O Martelo", e foi publicado por Bandeira em 1940. Durante muitos anos (já distantes) lia coisas assim.... Quem sabe o que me espera em 2014? Feliz novo ano a todos!
"As rodas rangem na curva
dos trilhos
Inexoravelmente.
Mas eu salvei do meu
naufrágio
Os elementos mais
cotidianos.
O meu quarto resume o
passado em todas as casas
que habitei.
Dentro da noite
No cerne duro da cidade
Me sinto protegido.
Do jardim do convento
Vem o pio da coruja.
Doce como um arrulho de
pomba.
Sei que amanhã quando
acordar
Ouvirei o martelo do
ferreiro
Bater corajoso o seu
cântico de certezas".
(Manuel Bandeira, “Lira dos cinqüentanos”, 1940).
M.S.V.
"As rodas rangem na curva
dos trilhos
Inexoravelmente.
Mas eu salvei do meu
naufrágio
Os elementos mais
cotidianos.
O meu quarto resume o
passado em todas as casas
que habitei.
Dentro da noite
No cerne duro da cidade
Me sinto protegido.
Do jardim do convento
Vem o pio da coruja.
Doce como um arrulho de
pomba.
Sei que amanhã quando
acordar
Ouvirei o martelo do
ferreiro
Bater corajoso o seu
cântico de certezas".
(Manuel Bandeira, “Lira dos cinqüentanos”, 1940).
M.S.V.
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