Potsdamer Platz, no centro de Berlim |
Na terça-feira passada entrei numa estação de metrô em Berlim. Estudei brevemente o mapa, disponível em todos os
cantos da cidade, e fui perguntando... De resposta em resposta, cheguei à Potsdamer Platz, a imponente estação de
metrô encravada no centro da cidade. Meu objetivo era chegar à Avenida Unter den Linden e seus famosos cartões
postais, como o Portão de Brandenburgo, o Tiergarten
e o Memorial do Holocausto.
Mas
antes foi preciso tomar um café. Sou um turista sem planos, sem mapa, sem guia.
Acredito que é assim que se conhece uma cidade. Mas quando cruzei a esquina da Leipziger Strasse com a Eberstrasse e dei de cara no Muro, ou
com o que restou dele, fui tomado de emoção. Mesmo sabendo que aquilo era
apenas um souvenier, uma medalha que
os alemães exibem para o mundo, não pude deixar de olhar com atenção para
aquele pedaço de concreto borrado de pixações, colocado num pedestal no meio da
calçada.
O que resta do Muro é exibido como uma medalha aos turistas |
Estava
diante do Muro. Aquele mesmo muro que um dia foi o símbolo fatídico de um
igualitarismo utópico, e que acabou desabando em nossas cabeças. Agora o Muro é
só uma fotografia na parede, ou melhor, na calçada.
Mas
o que doeu mesmo foi ver dezenas e dezenas de turistas passeando pelo Memorial
do Holocausto, como se fosse um parque. Localizado à frente do Tiergarten, um bosque belíssimo na Unter den Linden, o Memorial do
Holocausto estava cheio de turistas, todos sentados sobre os túmulos, uma
sucessão de caixões de concreto cinza, que simbolizam os judeus mortos nos
campos de concentração. Conversas, fotos, gente descansando de seu
turismo-consumo, outros namorando nos corredores cinzentos daquele monumento em
memória do genocídio, lanches, mais fotos.... Confesso que a imagem me
entristeceu. Não fiz foto nenhuma do Memorial do Holocausto.
Quando
olhava aquilo tudo, pensei em Gaza. Pensei nos palestinos, que também precisam
de um Memorial, que também foram e continuam sendo vítimas de um genocídio. E
pensei nas inúmeras Gazas que compõem o sofrido continente africano. Auchwitz,
Gaza, Ebola, Berlim. Voltei para o hotel pensando que não posso retornar ao
Brasil sem antes conhecer a Berlim que se esconde para além da Unter den Linden: a parte oriental da
cidade, que começa em Alexander Platz.
M.S.V.
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