A frase acima é Roland Barthes, o admirado crítico francês que nos anos 1960 e 1970 foi muito lido. Pois foi com o autor de Fragmentos de um discurso amoroso que despertei para essa “divina increnca” que se chama crítica literária.
Ainda está vivo em minha memória o momento em que, numa feira de livros da longínqua Porto Alegre, no não menos distante ano de 1982, comprei um exemplar de Crítica e Verdade. Poucos títulos resumem tão bem o problema central desta atividade: que relação existe, afinal, entre crítica e verdade? Chega-se à verdade de uma obra por meio do exercício critico?
Agora, relendo O grau zero da escritura, percebo que este pequeno livro é uma preciosidade. No texto que abre esse ensaio, Barthes desenvolve o conceito de escritura, ligando-o às noções de língua e estilo. Enquanto aquela está aquém da literatura, o estilo está “quase além”, escreve.
“O estilo tem sempre algo de bruto: é uma forma sem destinação, o produto de um impulso, não de uma intenção, é como que uma dimensão vertical e solitária do pensamento”, sentencia mais adiante.
O estilo é, a um só tempo, liberdade e prisão. A voz própria de um escritor resulta do rompimento com a normatividade da língua e, ao mesmo tempo, se faz no interior dela. Não podemos sair da linguagem, assim como não podemos nos despir de nossa pele. Que relação há entre crítica e verdade? A escritura é a moral da forma.
M.S.V.
Ainda está vivo em minha memória o momento em que, numa feira de livros da longínqua Porto Alegre, no não menos distante ano de 1982, comprei um exemplar de Crítica e Verdade. Poucos títulos resumem tão bem o problema central desta atividade: que relação existe, afinal, entre crítica e verdade? Chega-se à verdade de uma obra por meio do exercício critico?
Agora, relendo O grau zero da escritura, percebo que este pequeno livro é uma preciosidade. No texto que abre esse ensaio, Barthes desenvolve o conceito de escritura, ligando-o às noções de língua e estilo. Enquanto aquela está aquém da literatura, o estilo está “quase além”, escreve.
“O estilo tem sempre algo de bruto: é uma forma sem destinação, o produto de um impulso, não de uma intenção, é como que uma dimensão vertical e solitária do pensamento”, sentencia mais adiante.
O estilo é, a um só tempo, liberdade e prisão. A voz própria de um escritor resulta do rompimento com a normatividade da língua e, ao mesmo tempo, se faz no interior dela. Não podemos sair da linguagem, assim como não podemos nos despir de nossa pele. Que relação há entre crítica e verdade? A escritura é a moral da forma.
M.S.V.
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