Ele recusava a estilização e o uso puramente ornamental da erudição feito pelos seus contemporâneos, os bacharéis das letras. Ao mesmo tempo, compreendeu como poucos a dinâmica da corrupção e do aliciamento político de nossa nascente república. Refiro-me a Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922), romancista, cronista, contista e jornalista.
Nascido no Rio de Janeiro, negro e de origem humilde, Lima Barreto passou sua curta e sofrida existência vivenciando um boicote sistemático a suas obras. Teve apenas cinco de seus livros publicados em vida, custeados por ele próprio, e nenhum deles obteve o reconhecimento devido.
Ao contrário, sempre foi rotulado como um inadaptado, um perdido, um escritor de segunda categoria que teve a infelicidade de nascer num período de transição, que começa com a morte de Machado de Assis e termina com a Semana de Arte Moderna, em 1922.
Sua honestidade intelectual e seu espírito livre lhe curstaram muito caro: jamais obteve a legitimação da crítica oficial. Monteiro Lobato foi um dos poucos que levaram a sério a obra de Lima Barreto, mas quando isso ocorreu já era tarde demais: o escritor já havia naufragado no alcoolismo.
Em artigo publicado no último dia 5 de setembro na Folha de São Paulo, o historiador e professor dac USP Nicolau Sevcenko escreve: “Ele é provavelmente o único intelectual que manifestou uma compreensão sistemática da mecânica política corrompida e corruptora do regime republicano desde suas origens.”
Lima Barreto terá em breve a totalidade de seus contos publicados num único volume, o que permitirá não só uma visão de conjunto sobre textos até então dispersos, mas uma reavaliação do lugar ocupado pelo escritor no contexto maior da literatura brasileira e das relações de poder que permeiam a produção cultural no país.
M.S.V.
Nascido no Rio de Janeiro, negro e de origem humilde, Lima Barreto passou sua curta e sofrida existência vivenciando um boicote sistemático a suas obras. Teve apenas cinco de seus livros publicados em vida, custeados por ele próprio, e nenhum deles obteve o reconhecimento devido.
Ao contrário, sempre foi rotulado como um inadaptado, um perdido, um escritor de segunda categoria que teve a infelicidade de nascer num período de transição, que começa com a morte de Machado de Assis e termina com a Semana de Arte Moderna, em 1922.
Sua honestidade intelectual e seu espírito livre lhe curstaram muito caro: jamais obteve a legitimação da crítica oficial. Monteiro Lobato foi um dos poucos que levaram a sério a obra de Lima Barreto, mas quando isso ocorreu já era tarde demais: o escritor já havia naufragado no alcoolismo.
Em artigo publicado no último dia 5 de setembro na Folha de São Paulo, o historiador e professor dac USP Nicolau Sevcenko escreve: “Ele é provavelmente o único intelectual que manifestou uma compreensão sistemática da mecânica política corrompida e corruptora do regime republicano desde suas origens.”
Lima Barreto terá em breve a totalidade de seus contos publicados num único volume, o que permitirá não só uma visão de conjunto sobre textos até então dispersos, mas uma reavaliação do lugar ocupado pelo escritor no contexto maior da literatura brasileira e das relações de poder que permeiam a produção cultural no país.
M.S.V.
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