O ano de 2012 iniciou com uma notícia triste para o jornalismo brasileiro: a morte de Daniel Piza, ocorrida na sexta-feira à noite, dia 30, aos 41 anos. Não o conhecia pessoalmente; era apenas um leitor de sua coluna semanal no “Caderno 2” de O Estado de S. Paulo e acompanhava, assim como muitos leitores, sua brilhante trajetória de crítico e de escritor.
Jornalista com sólida formação cultural, Daniel Piza era formado em Direito, não fez faculdade de Jornalismo e tudo indica que sua cultura era fruto muito mais do ambiente familiar e de um tenaz esforço individual do que de uma educação formal, escolar.
Era capaz de escrever sobre vários assuntos, com inteligência e agilidade. O amplo espectro de seus interesses, que ia da política às artes, passando pelo futebol, e a imagem de jovem culto e extremamente produtivo eram os traços marcantes de sua persona pública. Praticou, como poucos, o jornalismo de ideias, combinando erudição com divulgação, sem vulgarização. Nem sempre concordava com suas opiniões e, com freqüência, me irritava com o esforço que fazia para ser sempre o primeiro a ler todos os lançamentos (livros, Cds, filmes, teatro etc), numa voracidade e velocidade pouco verossímeis com o ritmo de vida que temos hoje e com a correria da Redação.
Não sei se conseguia, de fato, tempo para ler e consumir todos os produtos culturais sobre os quais escrevia. Mas o fazia com convicção e personalidade. Publicou 17 livros, a imensa maioria de divulgação, mas nem por isso menos importante. De sua produção, o destaque fica para a biografia de Machado de Assis, livro que se lê com prazer. Não é preciso muito esforço para imaginar que outras obras viriam, pois talento e idéias não lhe faltavam.
O título deste post é uma pequena homenagem a Piza, pois era assim que ele intitulava seus comentários sobre a morte de alguma personalidade. Muito triste, muito trágica a sua morte repentina. Merece, sem dúvida, muito mais do que uma lágrima. Daniel Piza fará falta no jornalismo brasileiro. Seu exemplo e seus textos não devem ficar no esquecimento da página de jornal.
M.S.V.
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