A Flip terminou hoje e já na próxima sexta-feira inicia a 21ª edição da Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Impossível não deixar de observar que o livro e a literatura estão no centro das atenções neste mês de agosto. Ao mesmo tempo, inspiram reflexões sobre o futuro desse velho suporte.
Em Paraty, por exemplo, o historiador norte-americano Robert Darnton (foto) destacou a fragilidade das mídias digitais, que não resistem ao tempo em função das constantes mudanças tecnológicas, como os velhos disquetes, que só podem ser abertos por computadores antigos. Enquanto isso, os impressos permanecem vivos por séculos.
Li certa vez numa entrevista o escritor italiano Umberto Eco comparar o livro impresso àquelas invenções básicas da humanidade, como os talheres, por exemplo. Assim como o livro, será difícil encontrar um substiututo para o garfo, a colher ou a faca. O livro é mesmo um dispositivo maravilhoso e quem aposta na sua morte terá que esperar muito tempo ainda.
Em Não contem com o fim do livro, de Umberto Eco e Jean-Claude Carriere (Record, 2010), o autor de O nome da Rosa expressa sua preocupação diante da rapidez com que os novos suportes são deixados para trás. Diante dos modernos instrumentos de leitura, que se tornam obsoletos muito rapidamente, o livro dá provas de sua incrivel capacidade de resistir ao tempo.
“Ainda somos capazes de ler um texto impresso há cinco séculos. Mas somos incapazes de ler, não podemos mais ver, um cassete eletrônico ou um CD-ROM com apenas poucos anos de idade. A menos que guardemos nossos velhos computadores em nossos porões”, escreve Eco. Nem fim do livro, nem fim do leitor. Vamos à Bienal!
M.S.V.
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