“Todo livro começa como desejo de outro livro, como impulso de cópia, roubo, contradição, como inveja e confiança desmedida.” As palavras de Beatriz Sarlo na introdução a Modernidade periférica (Trad. e posfácio de Julio Pimentel Pinto. São Paulo: Cosacnaify, 2010), o seu mais recente livro lançado no Brasil, bem que poderiam servir de apólogo para as relações culturais das metrópoles européias com as capitais latino-americanas.
Pois este estudo da ensaísta argentina, de 1988, insere-se no jogo dialético entre localismo e cosmopolitismo, que tanto mal-estar tem gerado na intelectualidade latino-americana.
Como ela própria explica no início do livro, sua escrita transita entre a crítica literária e a cultural e este livro é um estudo “mesclado sobre uma cultura (a urbana de Buenos Aires) também mesclada”. Misto de história intelectual com análise sóciocultural, Modernidade periférica procura compreender de que modo os intelectuais argentinos, nos anos 20 e 30 do século passado, “viveram os processos de transformações urbanas e, em meio a um espaço moderno como já era o de Buenos Aires, experimentaram um conjunto de sentimentos, ideias e desejos muitas vezes contraditórios”. O tema é instigante e a ele voltarei em breve.
M.S.V.
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