Outro dia postei um comentário sobre a impossibilidade de se ler, nos dias de hoje, um romance de 600 páginas. O motivo era o lançamento de Liberdade, o mais recente livro do americano Jonathan Franzen. Quem tem tempo hoje para enfrentar 600 páginas?, perguntava então naquele post. Quanto mais adentramos na vida adulta (com seus inevitáveis compromissos), menos contato temos com a leitura de ficção. Leituras profissionais e/ou técnicas não contam.
A constatação me incomodou, pois meu ganha-pão é o ensino e as paredes de minha casa estão repletas de livros. Estou cercado de obras teóricas, de referências, dicionários, publicações acadêmicas, que utilizo em minha profissão. Mas é a literatura, que sempre trazia comigo e que sempre fez parte de minha formação? Foi preciso uma campanha de marketing para me despertar dessa letargia profissional. O estopim foi justamente o romance Liberdade, de Franzen.
Na Livraria que mais frequento, a Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, era impossível não dar de cara com o romance de Franzen, tão forte era a campanha publicitária do livro, com exemplares empilhados em locais estratégicos, posters, anúncios e o ineviátel apelo: “mais de um milhão de exemplares vendidos”. Além, é claro, do comentário crítico do jornal The Guardian, transformado em slogan: “o livro do ano e do século”. Sempre que vejo um comentário crítico ser usado como propaganda de um livro, como neste caso, penso que Adorno tinha razão quando comparou os críticos a mercadores.
Mas eis que não resisti e comecei a ler Liberdade. A primeira sensação é de estranhamento com aquele mundinho pueril da classe média norte-americana. Aos poucos, porém, o leitor vai se envolvendo com os hábitos dos personagens, seus pensamentos, suas ações. A primeira dessas personagens a ser construída pela narrativa é Patty Berglund, a protagonista. A narrativa de Franzen é ágil e envolve o leitor. Quando me dei conta, já tinha lido quarenta páginas, numa sentada. Fui fisgado. Volto ao romance.
M.S.V.
A constatação me incomodou, pois meu ganha-pão é o ensino e as paredes de minha casa estão repletas de livros. Estou cercado de obras teóricas, de referências, dicionários, publicações acadêmicas, que utilizo em minha profissão. Mas é a literatura, que sempre trazia comigo e que sempre fez parte de minha formação? Foi preciso uma campanha de marketing para me despertar dessa letargia profissional. O estopim foi justamente o romance Liberdade, de Franzen.
Na Livraria que mais frequento, a Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, era impossível não dar de cara com o romance de Franzen, tão forte era a campanha publicitária do livro, com exemplares empilhados em locais estratégicos, posters, anúncios e o ineviátel apelo: “mais de um milhão de exemplares vendidos”. Além, é claro, do comentário crítico do jornal The Guardian, transformado em slogan: “o livro do ano e do século”. Sempre que vejo um comentário crítico ser usado como propaganda de um livro, como neste caso, penso que Adorno tinha razão quando comparou os críticos a mercadores.
Mas eis que não resisti e comecei a ler Liberdade. A primeira sensação é de estranhamento com aquele mundinho pueril da classe média norte-americana. Aos poucos, porém, o leitor vai se envolvendo com os hábitos dos personagens, seus pensamentos, suas ações. A primeira dessas personagens a ser construída pela narrativa é Patty Berglund, a protagonista. A narrativa de Franzen é ágil e envolve o leitor. Quando me dei conta, já tinha lido quarenta páginas, numa sentada. Fui fisgado. Volto ao romance.
M.S.V.
Comentários