Catedral de Santo Estéfano, em Viena (Fonte: Wikipedia) |
O novo filme de Nanni Moretti, Habemus Papam, está em cartaz nos cinemas aqui. Em entrevista ao Wiener Zeitung ontem, o diretor explica que não quis fazer nenhuma crítica ao poder do Vaticano, nem abordar assuntos polêmicos como os casos de pedofilia ou as finanças da igreja. “Não me queixo da Igreja nesse filme”, declarou Moretti ao jornal. Sua preocupação foi, sobretudo, contar o processo de escolha de um Papa, o Conclave, a partir de um ângulo psicanalítico.
O cinema já produziu muitos filmes sobre a Igreja e o Vaticano e não é esse o assunto que quero abordar aqui. O filme de Moretti me fez refletir sobre a antiga e sólida relação que a Áustria mantém com o catolicismo, desde os tempos do império austro-húngaro.
Dia 08 foi feriado católico aqui, chamado de Imaculada Conceição (Maria Empfangnis, no original). A Catedral de Santo Estevão, (Spephansdom), que é a igreja matriz da Arquidiocese da Áustria, estava apinhada de gente para a Missa das 17 horas. Como estou empenhado em conhecer a cultura dessa cidade e desse país sob vários aspectos, o religioso não poderia ficar de fora.
E como não se conhece a Áustria sem levar em conta seu longo e pesado passado religioso, lá estava eu na Catedral. Para minha surpresa, o que assisti foi quase um concerto de música sacra. Não é como no Brasil, em que a mistura étnica produziu uma religiosidade mitigada. Aqui não: as missas são rigorosamente concebidas como se fossem um concerto.
Assisti como observador e admito que fiquei encantado com a música, com o tom laudatório dos cânticos entoados pelo Coro e pelo solista. Música de Igreja, como nos tempos do Barroco. Apenas por um breve momento o público de fiéis (e de não fieis, como eu) é convidado a cantar junto. Fiquei apenas observando o espetáculo e a simbologia dessa prática religiosa que alimenta a fé de milhões nesse país profundamente católico.
M.S.V.
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